O desafio da especialização
A obsessão com alguns casos de sucesso estrangeiros é, em termos económicos, perniciosa, ao mesmo tempo que agudiza um certo complexo de inferioridade.
Na especialização é que está o ganho. A ideia é popular e muito antiga. A sua celebridade é largamente atribuível a Adam Smith, pela notável descrição, n’A Riqueza das Nações, do modo como a divisão do trabalho permite, através da especialização, ganhos de produtividade que possibilitam um aumento de bem-estar para o próprio e, conquanto que haja trocas livres, também para outros.
É comum reflectir sobre os desafios que o país enfrenta. A tríade “educação, inovação, exportações” é apontada como solução para a “crise”. Cada um dos chavões parece apreciável em si mesmo. Só há um pequeno senão. É que, em Economia - e há Economia sempre que há escolha -, algo apreciável “em si mesmo” é uma vacuidade. O valor é sempre relativo. E isso exige especial atenção ao custo de oportunidade da opção feita, ou seja, ao valor máximo das alternativas de que se abdicou. Porque escolha tomada é sempre escolha rejeitada.
Mais Educação significará menos Saúde, menos Defesa ou menos Obras Públicas. Não há almoços grátis. Ver alguns políticos insistirem na ideia de “projectos indispensáveis ao país”, querendo, na prática, dispensar uma avaliação rigorosa dos custos envolvidos é preocupante. Quem não se lembra de ver Jorge Coelho defender a regionalização a – literalmente – qualquer custo? Ou de ver, a propósito do TGV, semelhante inclinação em José Sócrates? Mas não dispersemos.
Voltando à especialização. O princípio orientador é claro: só obteremos mais valias sustentadas se nos especializarmos em algo diferenciado, “notável”, que tenha uma procura relevante. Na investigação científica não podemos competir com os EUA. A aposta ganhadora passa pelas áreas onde já se possuam vantagens significativas. Nas exportações, o raciocínio é idêntico: a prioridade deverá estar no fortalecimento de “nichos” distintivos.
O turismo merece destaque. Se Portugal é reconhecido como destino preferencial para a organização de conferências ou férias de golfe, isso não deve ser motivo de vergonha, mesmo que outros tenham uma “sofisticada” Nokia. A obsessão com alguns casos de sucesso estrangeiros é, em termos económicos, perniciosa, ao mesmo tempo que agudiza um certo complexo de inferioridade. O discurso da especialização tem de prosperar. É preciso lucidez – e coragem – para renunciar às actividades condenadas ao fracasso.
Indivíduo ou empresa, alguma notoriedade está ao alcance de todos. Nunca, todavia, se a individualidade própria e o contexto envolvente forem ignorados. “Fazer a diferença” exige vontade, mas igualmente uma reflexão estratégica, inter-relacional, que seja descomprometida. No mundo competitivo de hoje “quem tudo quer, tudo perde”. Não se pode ser o melhor em tudo. Melhor apostar na especialização, procurando ser muito bom em poucas coisas. O futuro está aí.
Na especialização é que está o ganho. A ideia é popular e muito antiga. A sua celebridade é largamente atribuível a Adam Smith, pela notável descrição, n’A Riqueza das Nações, do modo como a divisão do trabalho permite, através da especialização, ganhos de produtividade que possibilitam um aumento de bem-estar para o próprio e, conquanto que haja trocas livres, também para outros.
É comum reflectir sobre os desafios que o país enfrenta. A tríade “educação, inovação, exportações” é apontada como solução para a “crise”. Cada um dos chavões parece apreciável em si mesmo. Só há um pequeno senão. É que, em Economia - e há Economia sempre que há escolha -, algo apreciável “em si mesmo” é uma vacuidade. O valor é sempre relativo. E isso exige especial atenção ao custo de oportunidade da opção feita, ou seja, ao valor máximo das alternativas de que se abdicou. Porque escolha tomada é sempre escolha rejeitada.
Mais Educação significará menos Saúde, menos Defesa ou menos Obras Públicas. Não há almoços grátis. Ver alguns políticos insistirem na ideia de “projectos indispensáveis ao país”, querendo, na prática, dispensar uma avaliação rigorosa dos custos envolvidos é preocupante. Quem não se lembra de ver Jorge Coelho defender a regionalização a – literalmente – qualquer custo? Ou de ver, a propósito do TGV, semelhante inclinação em José Sócrates? Mas não dispersemos.
Voltando à especialização. O princípio orientador é claro: só obteremos mais valias sustentadas se nos especializarmos em algo diferenciado, “notável”, que tenha uma procura relevante. Na investigação científica não podemos competir com os EUA. A aposta ganhadora passa pelas áreas onde já se possuam vantagens significativas. Nas exportações, o raciocínio é idêntico: a prioridade deverá estar no fortalecimento de “nichos” distintivos.
O turismo merece destaque. Se Portugal é reconhecido como destino preferencial para a organização de conferências ou férias de golfe, isso não deve ser motivo de vergonha, mesmo que outros tenham uma “sofisticada” Nokia. A obsessão com alguns casos de sucesso estrangeiros é, em termos económicos, perniciosa, ao mesmo tempo que agudiza um certo complexo de inferioridade. O discurso da especialização tem de prosperar. É preciso lucidez – e coragem – para renunciar às actividades condenadas ao fracasso.
Indivíduo ou empresa, alguma notoriedade está ao alcance de todos. Nunca, todavia, se a individualidade própria e o contexto envolvente forem ignorados. “Fazer a diferença” exige vontade, mas igualmente uma reflexão estratégica, inter-relacional, que seja descomprometida. No mundo competitivo de hoje “quem tudo quer, tudo perde”. Não se pode ser o melhor em tudo. Melhor apostar na especialização, procurando ser muito bom em poucas coisas. O futuro está aí.
<< Home